Do que agente tá falando mesmo?
Agente tá falando de um disco de vinil totalmente incrível. O “Greatest Hits I” do Queen. O Queen surgiu no início da década de 1970, como uma banda de universitários que queriam fazer shows com maior interação com o público, uma coisa meio teatralizada e arranjos mais elaborados. A banda fez um relativo sucesso em seus dois primeiros discos, mas conseguiu emplacar mesmo no terceiro disco, com a música “Killer Queen”. O quarto foi o disco que fez a banda despertar o respeito de todos, com o irreverente título “A night at the Opera” e faixas muito bem trabalhadas – Alias, tem uma faixa que ninguém se lembra “The prophet song”.
No início da década de 1980, para comemorar 10 anos de carreira, a banda lança um disco relembrando seus maiores sucessos, o “Greatest Hits” (que posteriormente ganhou o número I para diferenciar os que seriam lançados posteriormente II e III).
Um monte de bandas fez e faz isso, lançar discos com coletâneas de sucessos, mas em 10 anos de carreira, o Queen colecionou uma lista de 14 faixas muito compactadas em um único vinil. Bandas como os Beatles é bem verdade, no mesmo intervalo de tempo formaram um duplo de sucessos.
Na época dizia-se que este disco marcava o fim da banda, pois interrompia o lançamento anual de inéditos, mas, como todos sabem, ainda viriam “Radio Gag”a e outros mega sucessos.
O disco abre com a opera rock apocalíptica “Bohemian Rapsody” que é uma das faixas mais importantes do Rock pós Beatles, a organização de faixa a faixa é muito coerente e o disco com quase 1 hora de boa música encerra com a quase-valsa autolouvativa “We are the Champions”.E depois de ouvir este disco você tem mesmo é que concordar que os caras são mesmo campeões.
Na historia da banda, este disco coleciona os sucessos com características muito próprias. Por exemplo, em quase todas as faixas, exceto “Good old fashioned lover boy”, não há participação de nenhum músico externo, ninguém fez uso de sintetizadores e apenas um piano elétrico é usado em “You is my Best friends”, no mais é a banda, com seus instrumentos e suas vozes se revezando num disco que, apesar de ser estúdio, tem um gosto de ao-vivo.
Estas características se perderiam na fase seguinte, onde outros músicos apareceriam, ainda assim sem perder a qualidade, mas com uma orientação maior ao estúdio.
Como e quando o vinil chegou às minhas mãos?
Me lembro muito bem. Comprei numa loja que não existe mais chamada Marquinho som no mini-shopping aqui em minha cidade. Eu trabalhava de faz-tudo numa escola de computação, fui até a loja, vi o disco e não tinha dinheiro suficiente para comprá-lo. Juntei um dinheiro, voltei lá e comprei o belo disco de capa preta, com os músicos – Dos quais eu só conhecia o lendário Freddie Mercury – na capa.
Levei o disco até a escola, onde um amigo me disse, apontando a faixa “Bohemian Rapsody”, você vai gostar desta música. E ele tinha razão !
Levei o disco para casa na mochila e de bicicleta.
Porque o vinil é mais legal que o CD?
Olha, nem sei se existe CD deste disco, mas se tiver merece ser ignorado. O disco tem um grave absurdo e se você não atenuar um pouco pode até fazer a agulha pular. Merece ser ouvido com cuidado. O encarte é mínimo com a reprodução da capa de cada disco do qual foi retirada a faixa. A foto dos integrante também só faz sentido no tamanho de 12 polegadas. E a duração que quase 1 hora é o que vale. Como curiosidade, a foto de Brian May dá para se ver seu rosto inchado por uma extração dentaria ocorrida dias antes.
Porque eu acho que você deveria tê-lo?
Se você não conhece o trabalho do Queen – o que só se justifica se morou em Marte pelos últimos trinta anos – é um ótimo ponto de partida. Se conhece as coisas espalhadamente, vale pela coerência da coletânea e se é fã, sabe que é o conteúdo de um show, mas feito em estúdio.
Além deste...
Eu tenho toda a discografia do Queen, tanto em Vinil, quanto em CD. O Queen tem um importância muito grande em minha memória musical, por isso voltarei a postar outros vinils do Queen na coleção.
Duas memórias sobre o Queen Eu me lembro muito bem do radio AM/FM que tinha em casa. Um radio relógio Philco/Ford com números enormes e iluminados que giravam mecanicamente. A chave se mantinha em geral no AM, tocando as músicas brasileiras da época. Um dia um amigo da classe me disse para experimentar ouvir FM que “toca umas músicas diferentes”. No momento em que mudei o AM para FM, ouvi a frase – “General KALA, Flash Gordon aproaching” – “What do you mean? Flash Gordan aproaching! Open fire” Fiquei boquiaberto, a música diferente era realmente diferente ! Ao final a radialista disse – “Ouvimos com o grupo Queen, Flash trilha do filme Flash Gordon!” Por quase 10 anos procurei reouvir esta música, mas só consegui quando comprei o “Greatest Hits”. Valeu a pena esperar. A primeira vez que coloquei o disco para tocar, eu ainda não havia ouvido “Bohemian Rapsody”. Coloquei uns fones de ouvido gigantes que tinha em casa e coloquei para rodar – “It’s a real life, it’s Just fantasy...”. Tudo ia muito bem, até que a parte operística entrou – “I can see a litle siluate of a man”. Meu cérebro entrou em parafuso, nunca havia escutado nada parecido antes. As vozes, o instrumental, tudo me pareceria um rompimento com o que eu sabia de música anteriormente. A música se acabou, entrou a segunda faixa, a terceira e eu pensando naquela experiência que eu tinha sentido. O efeito BohRap só passou lá pela quarta faixa. Até hoje tenho um mega respeito por BohRap. Acho que poucas pessoas conseguiram colocar o subconsciente numa música como fez Freddie nesta música. Eu só ouço BR em duas situações: Quando executada em radio ou quando eu faço por merecer – “Hoje eu fui legal, vou ouvir Bohemian Rapsody”. É minha medalha de escoteiro pessoal. |