quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Wallace Collection, bixo !

Sobre o que agente ta falando mesmo?


Agente tá falando de um compacto de vinil da banda Wallace Collection.
A Wallace Collection é uma banda Belga de Rock Progressivo que surgiu nos anos 60, acabou nos 70 e voltou em 2005, belga sim, mas o disco é ingles. É um rock progressivo muito paz e amor, um questionamento bem ingênuo de mundo. A parte instrumental é formada por: Violino/Violoncello/Contra Baixo/Guitarra e bateria.
Este vinil é muito legal. É um compacto duplo. Compactos eram discos de vinil pequenos, com uma (compacto simples) ou duas (compacto duplo) músicas por lado. Em geral eram oferecidos no mercado antes do lançamento do LP (discão) e alguns ficavam só no compacto mesmo, não atraiam o público e perdia-se pouco investimento.
Os caras tiveram a manha de gravar o disco de estréia no badalado estúdio Abbey Road e diz a lenda que o nome da banda seria outro, mas já existia uma banda com aquele nome e decidiram de última hora mudar o nome para o de um museu, o tal Wallace Collection.

Como e quando o vinil chegou nas minhas mãos?


O disco original foi dado pelo meu tio João para minha mãe em 1969 e eu ouvi muito este disquinho. Ouvi tanto que furou – é, isso acontecia as vezes, então recentemente comprei um em melhores condições no Mercado Livre. Com capinha e tudo, o de minha mãe, não me lembro de ter capa.

Porque o vinil é mais legal que o CD?


Não deve existir CD, mas se existir, quem liga? O meu vinil compacto tem quatro faixas (veja Box abaixo)

Porque eu acho que você deveria tê-lo?


Rock progressivo você já ouviu, com flauta e outros instrumentos, mas com essa formação de naipe de cordas é mais raro e a levada totalmente hippie é o que há.
É trilha sonora pra Kombi !

Além deste...


Não tenho mais nada da Wallace Collection, tentei ouvir outras coisas, mas não despertou tanto interesse como o compacto Daydream.
Talvez seja a ligação com a infância, mas é puro paz e amor bixo !
Tenho outros compactos mais ou menos importantes e talvez conte sobre eles...


Olha só, o vinil completo Daydream pode ser encontrado no Youtube.

Lado A
Daydream.  

E quem vai dizer que foi o Queen que inventou o videoclip? Olha a Wallace Collection em 1969 brincando de fazer um negócio meio Hair. É o grande hit do grupo. Tenho a nítida impressão que Janis Joplin fez parte deste corpo de baile.



Laughin Cavalier 

Um estilo um pouco mais viceral, lembra um toque de caça, algo assim.




LADO B

Fly me to the earth  

Os caras fizeram uma brincadeira com fly me to the moon do Frank Sinatra. Na época da gravação e lançamento deste disco, as Apollos percorriam os céus e os imaginários coletivos. A banda fala de um mundo feito de plastico, fora da Terra. O cavanhaque do vocalista/guitarrista alias parece mesmo de plastico.


Baby I don't mind.    

Uma atitude mais rock n' roll. Bem light. Uma espécie de surf rock progressivo belga.





Para saber mais: 

Site oficial do grupo: http://www.wallacecollection.net/
Site do museu que emprestou o nome pro grupo: http://www.wallacecollection.org/
O que tem no Wikipedia sobre eles: http://en.wikipedia.org/wiki/Wallace_Collection_(band)

Mais gente que curte este disco:


Dica do Bin: Vá aos sebos e compre coisas desconhecidas, podem ser raridades.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Queen - Greatest Hits I (Ou como começar a ouvir Queen)

Do que agente tá falando mesmo?



Agente tá falando de um disco de vinil totalmente incrível. O “Greatest Hits I” do Queen. O Queen surgiu no início da década de 1970, como uma banda de universitários que queriam fazer shows com maior interação com o público, uma coisa meio teatralizada e arranjos mais elaborados. A banda fez um relativo sucesso em seus dois primeiros discos, mas conseguiu emplacar mesmo no terceiro disco, com a música “Killer Queen”. O quarto foi o disco que fez a banda despertar o respeito de todos, com o irreverente título “A night at the Opera” e faixas muito bem trabalhadas – Alias, tem uma faixa que ninguém se lembra “The prophet song”.
No início da década de 1980, para comemorar 10 anos de carreira, a banda lança um disco relembrando seus maiores sucessos, o “Greatest Hits” (que posteriormente ganhou o número I para diferenciar os que seriam lançados posteriormente II  e III).
Um monte de bandas fez e faz isso, lançar discos com coletâneas de sucessos, mas em 10 anos de carreira, o Queen colecionou uma lista de 14 faixas muito compactadas em um único vinil. Bandas como os Beatles é bem verdade, no mesmo intervalo de tempo formaram um duplo de sucessos.
Na época dizia-se que este disco marcava o fim da banda, pois interrompia o lançamento anual de inéditos, mas, como todos sabem, ainda viriam “Radio Gag”a e outros mega sucessos.
O disco abre com a opera rock apocalíptica “Bohemian Rapsody” que é uma das faixas mais importantes do Rock pós Beatles, a organização de faixa a faixa é muito coerente e o disco com quase 1 hora de boa música encerra com a quase-valsa autolouvativa “We are the Champions”.E depois de ouvir este disco você tem mesmo é que concordar que os caras são mesmo campeões.
Na historia da banda, este disco coleciona os sucessos com características muito próprias. Por exemplo, em quase todas as faixas, exceto “Good old fashioned lover boy”, não há participação de nenhum músico externo, ninguém fez uso de sintetizadores e apenas um piano elétrico é usado em “You is my Best friends”, no mais é a banda, com seus instrumentos e suas vozes se revezando num disco que, apesar de ser estúdio,  tem um gosto de ao-vivo.
Estas características se perderiam na fase seguinte, onde outros músicos apareceriam, ainda assim sem perder a qualidade, mas com uma orientação maior ao estúdio.

Como e quando o vinil chegou às minhas mãos?


Me lembro muito bem. Comprei numa loja que não existe mais chamada Marquinho som no mini-shopping aqui em minha cidade. Eu trabalhava de faz-tudo numa escola de computação, fui até a loja, vi o disco e não tinha dinheiro suficiente para comprá-lo. Juntei  um dinheiro, voltei lá e comprei o belo disco de capa preta, com os músicos – Dos quais eu só conhecia o lendário Freddie Mercury – na capa.
Levei o disco até a escola, onde um amigo me disse, apontando a faixa “Bohemian Rapsody”, você vai gostar desta música. E ele tinha razão !
Levei o disco para casa na mochila e de bicicleta.

Porque o vinil é mais legal que o CD?


Olha, nem sei se existe CD deste disco, mas se tiver merece ser ignorado. O disco tem um grave absurdo e se você não atenuar um pouco pode até fazer a agulha pular. Merece ser ouvido com cuidado. O encarte é mínimo com a reprodução da capa de cada disco do qual foi retirada a faixa. A foto dos integrante também só faz sentido no tamanho de 12 polegadas. E a duração que quase 1 hora é o que vale. Como curiosidade, a foto de Brian May dá para se ver seu rosto inchado por uma extração dentaria ocorrida dias antes.

Porque eu acho que você deveria tê-lo?


Se você não conhece o trabalho do Queen – o que só se justifica se morou em Marte pelos últimos trinta anos – é um ótimo ponto de partida. Se conhece as coisas espalhadamente, vale pela coerência da coletânea e se é fã, sabe que é o conteúdo de um show, mas feito em estúdio.

Além deste...


Eu tenho toda a discografia do Queen, tanto em Vinil, quanto em CD. O Queen tem um importância muito grande em minha memória musical, por isso voltarei a postar outros vinils do Queen na coleção.


Duas memórias sobre o Queen

Eu me lembro muito bem do radio AM/FM que tinha em casa. Um radio relógio Philco/Ford com números enormes e iluminados que giravam mecanicamente. A chave se mantinha em geral no AM, tocando as músicas brasileiras da época.
Um dia um amigo da classe me disse para experimentar ouvir FM que  “toca umas músicas diferentes”.
No momento em que mudei o AM para FM, ouvi a frase – “General KALA, Flash Gordon aproaching” – “What do you mean? Flash Gordan aproaching! Open fire”
Fiquei boquiaberto, a música diferente era realmente diferente ! Ao final a radialista disse – “Ouvimos com o grupo Queen, Flash trilha do filme Flash Gordon!”
Por quase 10 anos procurei reouvir esta música, mas só consegui quando comprei o “Greatest Hits”. Valeu a pena esperar.

A primeira vez que coloquei o disco para tocar, eu ainda não havia ouvido “Bohemian Rapsody”. Coloquei uns fones de ouvido gigantes que tinha em casa e coloquei para rodar – “It’s a real life, it’s Just fantasy...”.
Tudo ia muito bem, até que a parte operística entrou – “I can see a litle siluate of a man”.
Meu cérebro entrou em parafuso, nunca havia escutado nada parecido antes. As vozes, o instrumental, tudo me pareceria um rompimento com o que eu sabia de música anteriormente.
A música se acabou, entrou a segunda faixa, a terceira e eu pensando naquela experiência que eu tinha sentido.
O efeito BohRap só passou lá pela quarta faixa.
Até hoje tenho um mega respeito por BohRap. Acho que poucas pessoas conseguiram colocar o subconsciente numa música como fez Freddie nesta música. Eu só ouço BR em duas situações: Quando executada em radio ou quando eu faço por merecer – “Hoje eu fui legal, vou ouvir Bohemian Rapsody”. É minha medalha de escoteiro pessoal.

quarta-feira, 9 de março de 2011

E terminei a leitura de "Minhas duas estrelas" de Pery Ribeiro

Tá, foram meses lendo, o que não quer dizer que a leitura fosse tediosa, muito pelo contrário. É que eu sou lento mesmo para ler. Gosto de ler em momentos de solidão e com a mente bem livre e tenho descoberto que estes momentos são cada vez mais raros.




Mas a leitura do livro "Minhas duas estrelas" rendeu uma ótima experiência de leitura.



Se você pretende ler este livro, aqui vai um alerta. Não espere encontrar uma biografia tradicional, daquelas em que se segue uma linha cronológica, onde mantêm uma constância literária, onde tudo é minuciosamente explicado como uma dissertação de mestrado e principalmente onde o autor praticamente não aparece na narrativa, como acontece, por exemplo, em "Chega de Saudade" de Ruy Castro.



Se você leu o livro de Ruy Castro e espera encontrar um livro parecido no livro de Pery, por ter o prefácio de Ruy Castro, mude de cabeça, senão você não vai curtir esta narrativa.



É um livro de memórias, de ricas memórias do autor, contando a sua visão intima de dois mitos da música brasileira - Dalva de Oliveira e Herivelto Martins.



É uma narrativa de um filho contando sua vida permeada pelos pais e não o contrário, tanto que o título abre como "Minhas...", mostrando que o centro é o autor e filho.



Não existe linha cronológica, ora se vai para frente, ora se volta, o que a certo ponto pode causar algumas confusões mentais. Mas entendendo isso fica evidente que o que permeia a narrativa são os sentimentos acima de qualquer cronologia.



A leitura é simples, direta, mas muito doida. As experiências de filho são narradas com uma crueza impar. Por vezes eu me perguntava por que se expor tanto assim? Em dados momentos eu sentia estar lendo uma biografia não autorizada de tamanha auto-exposição.



Mas ao chegar ao fim do livro o que senti é que aquele papo que começou em Maio na mesa do Casarão da Cultura, se prolongou por estes meses, onde uma pessoa abre todo seu coração para o seu melhor amigo!



Sinto que sou agora o melhor amigo de Pery.



O ápice do livro acontece no capitulo 48 ("O amor enrustido"), onde tudo se resume. Os capítulos 49 e 50 complementam este ápice e em era de twitter e informação condensada, diria, com toda dor no coração que merece, que estes capítulos resumem à narrativa.



Uma critica a capa que traz a informação "A história dos personagens da minissérie Dalva e Herivelto...", uma aberração, a minissérie, apesar de bem produzida, contou muito pouco, quase nada e além disso essa capa coloca a minissérie como o centro dos acontecimentos, tanto Dalva, Herivelto e Pery tem luz própria. Algo como "A história de Dalva e Herivelto também narrada na minissérie" talvez fosse menos vendável e mais correta.



Um errinho único que detectei é que há uma citação a capa do livro, mas da primeira edição o que não confere com a capa da segunda. Isso acontece no final do livro, mas é um erro sem importância alguma, tanto que nem anotei a página em que ocorreu.



Não concordo com algumas análises da obra de Herivelto, mas quem sou eu para discutir com o filho e músico talentoso Pery, talvez a minha visão é que seja demasiada míope e precise de ajustes.



Bom, é isso: Uma ótima leitura, mas aconselho a pessoas que conhecem, ainda que um pouco, da história dos dois, que ouvem as composições de Herivelto com ou sem Dalva, que ouvem Dalva de compositores, com o Trio de Ouro e em carreira "Solo".



Uma boa partida é o programa Ensaio da TV Cultura com Herivelto que tem uma interpretação emocionante de "Ave Maria no Morro". Depois de uma olhada na Série da Globo para se situar e leia o livro.



Por falar nisso, Herivelto compôs duas músicas que são muito conhecidas fora do Brasil com suas letras em Castelhano: Caminhemos virou Caminemos e foi gravada pelo Trio Los Panchos lindamente e "Ave Maria no Morro" virou "Ave Maria no Morro" mesmo e foi gravada até pelos Scorpions (veja aqui).